BABAΛΟΝ H-BOMB
Fissão, Fusão e a Prostituta Sagrada: A Jornada da Matéria Rumo à Causa Primeira
A escolha é um dos pilares fundamentais da existência. No "Livro da Lei", está escrito:
"Invocai-me sob minhas estrelas! Amor é a lei, amor sob a vontade. E que os tolos não confundam amor; pois há amor e amor. Há a pomba e há a serpente. Escolhei bem!" (Capítulo I, Versículo 57)
Este trecho nos incita a refletir sobre os caminhos que podemos trilhar: o da pomba ou o da serpente.
Analogamente, na química nuclear, podemos obter o elemento mais simples, o hidrogênio, por dois processos distintos: fissão e fusão. A Dança Atômica: Fissão e Fusão A fusão nuclear ocorre naturalmente no coração das estrelas, como o nosso Sol. Átomos de hélio se unem sob pressões e temperaturas extremas, liberando quantidades colossais de energia – símbolo da verdade e da vida. Este processo é a fonte primordial de energia que sustenta a existência tal como a conhecemos.
Por outro lado, a fissão nuclear é um processo artificial, criado pelas mãos humanas. Elementos pesados, como o urânio, são "partidos" ao meio através de bombardeamentos com nêutrons. Esta divisão gera uma reação em cadeia, transformando o elemento em componentes cada vez mais leves, liberando energia a cada etapa até culminar no hidrogênio. O desequilíbrio eletrônico resultante impulsiona a busca incessante pelo equilíbrio das camadas de valência, num ciclo contínuo de transformação e liberação de energia. A bomba de hidrogênio, ou H-bomb, é a manifestação máxima desse princípio.
Para induzir a fusão em condições terrestres, utilizamos o calor gerado pela fissão – dois cogumelos nucleares, símbolos da devastação e da criação humanas. Invocação e Inflamação: O Processo Energético da Oração "Invocai frequentemente! Inflamai-vos com oração!" – este chamado não é apenas espiritual, mas energético. Invocar é trazer para dentro, é internalizar o divino. Inflamar-se em oração é catalisar uma reação interna de transformação, gerando energia que ultrapassa os limites do físico. A oração, estruturada em sujeito-verbo-objeto, busca dissolver a separação entre o "Eu Sou" e o "é".
Assim como no plasma solar, onde a matéria é indiferenciada, o objetivo da prece é alcançar a unidade primordial, cessando a dualidade que é a raiz do sofrimento. Babalon: A Prostituta Sagrada e a Matéria em Transformação Babalon representa, em sua essência, todas as reações de entalpia – processos onde a energia é uma propriedade extensiva, proporcional ao tamanho e à complexidade do sistema. Ela é a personificação da matéria que se permuta através de todos os encontros possíveis, prostituindo-se no sentido mais sagrado do termo, até atingir a finalidade última da causa primeira.
A prostituição sagrada, longe de ser um conceito vulgar, simboliza a matéria que se oferece incansavelmente para todas as formas de experiência e transformação. Ela é o veículo neutro que permite as metamorfoses da eletricidade e do magnetismo, sendo ao mesmo tempo virgem e profana, pura e corrompida. Ao encher o Cálice com o "sangue dos santos", Babalon celebra o sacrifício do ego, a renúncia da individualidade em prol da união com o todo. Os santos, despidos de vaidade e egoísmo, entregam-se completamente ao divino, tornando-se mártires cuja essência alimenta a continuidade da existência. Da Virgem à Prostituta: A Matéria em Sua Jornada Cósmica Antes do Big Bang, postulam alguns físicos, existia uma estrela de nêutrons – um corpo de densidade incomensurável onde quase não havia espaço entre as moléculas.
A matéria, em seu estado primordial, era virgem, imaculada, um veículo puro para a sabedoria. Com o advento da consciência – simbolizado pela travessia do abismo de Daath – a matéria se fragmenta, multiplicando-se em formas e experiências.
Torna-se então a "prostituta", não no sentido profano, mas como aquela que se entrega a todas as possibilidades de existência, permitindo a manifestação da totalidade do ser.
O Caos Como Necessidade:
A Chama da Criação Nietzsche, em "Assim Falou Zaratustra", declara:
"É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante."
O caos interno, simbolizado pela fissão do eu, é necessário para a criação do novo. A destruição das estruturas antigas libera a energia necessária para a transformação, assim como a fissão nuclear libera a energia para a fusão que gera novas formas de vida. Conclusão: A Jornada para a Causa Primeira A matéria, em sua incessante permutação, busca retornar ao seu estado original, à finalidade última da causa primeira. Seja através da fissão destrutiva ou da fusão criativa, o caminho é permeado por escolhas, sacrifícios e transformações. A prostituta sagrada, Babalon, encarna este processo. Ela é a matéria que se entrega a todas as experiências, que acolhe em seu seio o caos e a ordem, o sagrado e o profano. É através dela que a energia flui, que as reações em cadeia ocorrem, impulsionando a existência rumo ao infinito. A escolha entre a pomba e a serpente é a escolha entre caminhos diferentes para o mesmo fim. Ambos conduzem à compreensão de que o Eu e o Todo são um só, e que a separação é uma ilusão geradora de sofrimento. Em última instância, é na rendição completa, na fusão com o todo, que encontramos a realização plena. E para isso, é preciso permitir que a energia flua livremente, que a matéria se transforme e que o caos interior acenda a chama da criação.
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